sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Socialização






Chamamos de socialização ao processo pelo qual o indivíduo assimila os valores, as normas e as expectativas sociais de um grupo ou de uma sociedade. Esse processo, responsável pela transmissão da cultura, é contínuo e se inicia na família quando se realiza a chamada “socialização primária”. Depois é assumida pela escola, pelo grupo de referência e pelas diferentes formas de treinamento e ajuste a que o indivíduo se submete no decorrer de sua existência e que caracterizam a socialização secundária.
Guy Rocher reconhece na socialização aquele mecanismo da vida social pelo qual o indivíduo introjeta os valores sociais de maneira a se tornarem integrantes de sua personalidade. A socialização é responsável por desenvolver os membros de uma sociedade gostos, ideias e sentimentos correspondentes à cultura do grupo no qual esses indivíduos vão viver.
[...] Sabe-se, entretanto, que a capacidade de aprendizado está condicionada á maneira como o indivíduo participa da vida social e à posição que ele ocupa na sociedade.
De maneira geral, a socialização é estudada como elemento de conservação da sociedade, de resistência a mudanças e d tradição. São inúmeras as teorias que reforçam o papel da socialização na assimilação social dos indivíduos. Os sociólogos marxistas, entretanto, reconhecem na socialização a possibilidade de conscientização das classes dominadas, criando-se assim as condições necessárias à ação revolucionária.
Pedagogos como Paulo Freire também salientam o papel da educação – inclusive a formal – para a mudança e a libertação do indivíduo e das classes sociais.



Fonte:

COSTA, Maria Cristina Castilho. Sociologia: introdução à ciência da sociedade – 3ª Ed – São Paulo: Moderna, 2005. p. 405-406.
               

domingo, 26 de setembro de 2010

Karl Marx e a crítica da sociedade capitalista.



Vamos falar agora de quem também viu a consolidação da sociedade capitalista e fez uma forte crítica a ela. O alemão, filósofo e economista Karl Marx (1818–1883), foi um dos responsáveis, se não o maior deles, em promover uma discussão crítica da sociedade capitalista que se consolidava, bem como da origem dos problemas sociais que este tipo de organização social originou.

E veja, também, que interessante. Para ele “a história de todas as sociedades tem sido a história da luta de classes”. Mas como assim, lutas de classe? Quais são elas? Nas sociedades de tipo capitalista a forma principal de conflito ocorre entre suas duas classes sociais fundamentais: a burguesia versus o proletariado.

Você se lembra que comentamos no primeiro “Folhas” como foi que surgiu a chamada burguesia e por que ela ficou conhecida assim? Pois bem, segundo Marx, a burguesia foi tendo acesso, a partir da atividade comercial à posse dos meios de produção, enriqueceu e também passou a fazer parte daqueles que controlavam o aparelho estatal, o que acabou, por fim funcionando, principalmente como uma espécie de “escritório burguês”.

Com esse acesso ao poder do aparelho estatal, a burguesia foi capaz de usar sua influência sobre ele para  ir criando leis que protegessem a propriedade privada (particular), condição indispensável para sua sobrevivência, além de usar o Estado para facilitar a difusão de sua ideologia de classe, isto é, os seus valores de interpretação do mundo.
 
Enquanto isso, a classe assalariada (os proletários), sem os meios de produção e em desvantagem na capacidade de influência política na sociedade, transforma-se em parte fundamental no enriquecimento da burguesia, pois oferecia mão-de-obra para as fábricas, (as novas unidades de produção do mundo moderno).
Marx se empenhava em produzir escritos que ajudassem a classe proletária a organizar-se e assim sair de sua condição de alienação.
Alienado, segundo Marx, seria o homem que não tem controle sobre o seu próprio trabalho, em termos de tempo e em termos daquilo que é produzido, coisa que o capitalismo faz em larga escala, pois o tempo do trabalhador e o produto (a mercadoria) pertencem à burguesia, bem como a maior parte da riqueza gerada por meio do trabalho.

Falando em lucro...

O objetivo do sistema capitalista, como modo de produção, é justamente a ampliação e a acumulação de riquezas nas mãos dos proprietários dos meios de produção. Mas de onde sai essa riqueza? Marx diria que é do trabalho do trabalhador.

Veja um exemplo. Quantos sofás por mês um trabalhador pode fazer? Vamos imaginar que sejam 15 sofás, os quais multiplicados a um preço de venda de R$ 300,00 daria o total de R$ 4.500,00.
E quanto ganha um trabalhador numa fábrica? Imagine que seja uns R$ 1.000,00, para sermos mais ou menos generosos. Bem, os R$ 4.500,00 da venda dos sofás, menos o valor do salário do trabalhador, menos a matéria-prima e impostos (imaginemos R$ 1.000,00) resulta na acumulação de R$ 2.500,00 para o dono da fábrica.

Esse lucro Marx chama de mais-valia, pois é um excedente que sai da força de cada trabalhador. Veja, se os meios de produção pertencessem a ele, o seu salário seria de R$ 3.500,00 e não apenas  R$ 1.000,00.
Então podemos dizer que o trabalhador está sendo roubado? Não podemos dizer isso, pois o que aqui exemplificamos é conseqüência da existência da propriedade privada e de os meios de produção nas mãos de uma classe, a burguesia.

Para entender a sociedade, por Marx 

Devemos partir do entendimento de que as coisas materiais fazem a sociedade acontecer. De outra maneira, seria dizer que tudo o que acontece na sociedade tem ligação com a economia e que ela se transforma na mesma medida em que as formas de produção também se transformam. Por exemplo, com a consolidação do sistema capitalista, toda a sociedade teve que organizar-se de acordo com os novos moldes econômicos.
Marx também via o homem como aquele que pode transformar a sociedade fazendo sua história, mas enfatiza que nem sempre ele o faz como deseja, pois as heranças da estrutura social infuenciam-no. Assim sendo, não é unicamente o homem quem faz a história da sociedade, pois a história da sociedade também constrói o homem, numa relação recíproca. Entendeu?

Vamos tentar explicar melhor. As condições em que se encontram a sociedade vão dizer até que ponto o homem pode construir a sua história. Por essa lógica podemos pensar que a classe dominante, a burguesia, tem maiores oportunidades de fazer sua história como deseja, pois tem o poder econômico e político nas mãos, ao contrário da classe proletária que, por causa da estrutura social, está desprovida de meios para tal transformação. Para modificar essa situação somente por intermédio de uma revolução, pois assim a classe trabalhadora pode assumir o controle dos meios de produção e tomar o poder político e econômico da burguesia.

Para Marx, a classe trabalhadora deveria organizar-se politicamente, isto é, conscientizar-se de sua condição de explorada e dominada por meio do trabalho e transformar a sociedade capitalista em socialista por intermédio da revolução.

Fonte do texto: 

Livro: Sociologia Ensino Médio
Para baixar: http://www.diaadia.pr.gov.br/projetofolhas/livreto/sociologia.php

O Que é Sociologia?


           
            A vida do ser humano em sociedade é marcada por diversos acontecimentos que vão ter impactos diretos ou indiretamente em sua vida. Ao longo de sua trajetória na sociedade, os indivíduos estabelecem relações uns com os outros formando grupos e instituições, leis e normas de convivência, regras e valores.
            A Sociologia é a ciência que vai estudar as relações sociais, ou seja, a forma como os indivíduos estabelecem relações no âmbito da sociedade formando grupos, classes sociais e instituições. Busca estudar também os processos de cooperação, competição, conflito, os movimentos sociais entre outros.
            O ser humano se constitui num processo de socialização em que recebe ao longo de sua vida a influência do meio em que vive. Ao mesmo tempo, age dentro de um contexto social específico podendo transformá-lo em sua ação social.
            Há alguns tipos de comportamento como, por exemplo: respirar, andar, dormir etc. que são comportamentos individuais e que fazem parte do funcionamento biológico do ser humano e que por isso são estudados pelas ciências biológicas e físicas. Por sua vez, o estudo do indivíduo e dos processos mentais do comportamento humano faz parte do campo de estudo da Psicologia.
            Já a Sociologia vai se voltar para o estudo dos acontecimentos que ocorrem na sociedade e envolvem mais de uma pessoa ou grupos. Assim, acontecimentos como: greves, passeatas, assistir aulas, educar filhos, frequentar igreja, casar-se etc. são exemplos de comportamentos sociais, pois acontecem em um lugar específico: a sociedade, envolvendo pessoas e grupos.   
            Assim, a Sociologia tem por objetivo pesquisar e estudar o comportamento social humano e suas várias formas de manifestação.


A Sociologia e seu contexto de surgimento

           
            O surgimento da Sociologia está ligada as transformações sociais que se desenvolveram no século XVIII como: o avanço científico e tecnológico, a passagem da sociedade feudal para a sociedade capitalista e as revoluções francesa e industrial. Eram as primeiras manifestações da sociedade moderna e que tiveram grande impacto na vida dos indivíduos e modificaram drasticamente o meio social.
            A Revolução Industrial consistiu em mudanças no quadro político e social da Europa do século XVIII em que foram abolidas a aristocracia feudal, os poderes do clero e a servidão. Foi então proclamado os princípios universais de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade".
            A Revolução Industrial teve como ponto de partida o desenvolvimento tecnológico acumulado ao longo dos séculos e que a partir do século XVIII passou a ser introduzido na esfera do trabalho. Isto gerou mudanças no processo produtivo tendo grande impacto na economia e na sociedade como um todo.
Formas anteriores de produção como o artesanato e a agricultura foram caindo em desuso ao passo em que as máquinas amontoavam milhares de trabalhadores nas fábricas da Europa.
            As consequências disso foram observadas no rápido crescimento populacional fazendo os trabalhadores migrarem do campo para as cidades. Estes, por sua vez, vendiam sua força de trabalho em troca de um salário submetendo-se as péssimas condições. Homens, mulheres e até mesmo crianças chegavam a trabalhar até 12 horas por dia em fábricas que produziam produtos industrializados que seriam posteriormente comercializados.
            Assim, a cidade passou a ser o espaço em que novas formas de relações sociais se desenvolviam. As relações de trabalho fizeram surgir duas classes opostas: o burguês e o operário. O primeiro, era o detentor dos meios de produção; enquanto que o segundo era o trabalhador que vendia sua força de trabalho.
Além disso, o inchaço das grandes cidades européias do século XVIII ocasionou mudanças na forma como os indivíduos se relacionam: a multidão, os espaços privados em locais públicos, os carros velozes que passariam a fazer parte do ambiente urbano, modificaram de forma drástica a vida do homem em sociedade.  


Video complementar: O que é Sociologia?